quarta-feira, 16 de junho de 2010

Salva – Vidas

Eu estava em casa quando me dei conta de que havia realmente acabado. Não pensei duas vezes, desci as escadas e quando abri a porta observei aquela chuva fria que caia de vagar, molhando a minha varanda, aguando as minhas roseiras.

Lembrei-me de que hoje quando fui almoçar em um restaurante perto da revista onde trabalho, sabe lá onde você costumava me esperar. Uma senhorinha de botas escuras me parou no caminho e disse:

- Não deixa isso acabar, não seria justo terminar assim.

Antes que eu pudesse falar algo, a senhora foi desaparecendo no meio da multidão.
Como ela sabia do que eu precisava ouvir, eu não sei, mas aquelas palavras me fizeram um bem danado!
Então, Sai sem meu guarda-chuva, coloquei a touca da blusa, mas não adiantaria muita coisa.
A cada passo os meus pés ficavam mais molhados. Eu estava com medo de passar por aquela chuva, pegar uma super gripe e você nem estar em casa, mas mesmo assim resolvi correr o risco porque se não meu coração explodiria de saudades.
Aumentei os passos, comecei a correr, até chegar à sua casa foi uma boa corrida. Então você abriu a porta depois de eu ter batido varias vezes desesperadamente. Fiquei com uma certa vergonha, pois eu estava ensopada e ofegante. Você ficou abismado, me deu uma toalha e ficou perguntando o que aconteceu com o seu jeito desesperado.
Comecei a secar o cabelo e pensei “é agora!”. Você perguntou o que foi e eu comecei a falar:

- Não vir aqui para pedir desculpas porque eu não consigo me arrepender do que fiz, também não vim pedir para voltar porque eu sei que a gente não tem mais volta. Eu só vim dizer que te amo, e que você realmente é o cara. Eu sinto que embora eu não queira um dia isso tudo vai passar e quando passar eu vou saber que você definitivamente não era para ser, porque eu fiz a minha parte.
- Eu sinto também, que jamais vou te esquecer, mesmo se eu tiver uma daquelas doenças em que a pessoa perde totalmente a lucidez e as lembranças. E mesmo sabendo que a gente não tem mais volta, eu vou sair por aquela porta com um coração dilacerado que ainda mantém um pingo de esperança e vontade de recomeçar e se você não vir bem rápido esse coração dilacerado pulsara mais de vagar a cada dia em busca de um novo recomeço.”

Sai desolada, joguei sua toalha no sofá, meus olhos começaram a se encher d’água. Quando coloquei a mão na maçaneta da sua porta, você pegou na minha mão, foi se aproximando e disse bem baixinho:

- O que você não sabe é que eu sou cirurgião cardíaco, o meu dever é cuidar dos corações partidos.

Começou a me beijar de vagar. Fiquei sem reação, o meu coração começou a bater forte, a bombear o sangue bem melhor.
É acho que foi mais ou menos assim que você me curou.



Marcela Alves

5 comentários:

Anônimo disse...

Ain que bom que você mandou, mas não pensa que num vai dar certo naum, pensamento positivo atrai boas energias ^^
torcendo muito por você...
Esse texto ficou muuuito perfeito *--*
Continua fazendo esses textos lindos tah...
Bjão...

Unknown disse...

*-*

sempre tão lindo seus textos!
Tava com uma enorme saudades daqui!!!

Aaaaah! brigadão pelo selo!!! Vou postar!!!
Adorei!!!

;**

Julia Melo disse...

bem lindo, romantismo é sempre bom.

Fran Carneiro disse...

Que lindo! *-*

É, não precisava de muita coisa pra curar o coração dela ♥

Anônimo disse...

Passando so pra avisar que tem selinho para você no meu blog...
http://maywanderley.blogspot.com/

Bjus


May'Wanderley